segunda-feira, 23 de julho de 2018

No meio do caminho havia lixo no meu jardim


 

No meio do meu caminho há um jardim. Um jardim com duas lixeiras. E, entre as duas lixeiras, muito lixo. Quando passava por este jardim, meu passatempo era examinar o quanto de lixo havia entre as duas lixeiras e o jardim.

Eu ia e vinha e reclamava do lixo no jardim.Pensei em falar com o restaurante em frente para adotar o jardim. Pensei em falar com os garis para limparem o jardim. Pensei em ligar para a prefeitura e reclamar do jardim. E por muito tempo eu não pensei no jardim. 

Eu prestava mais atenção nos restos sobre a grama do que o verde do jardim. Eu passava mais tempo contemplando o lixo deixado no jardim do que o próprio jardim. 

E, tão logo me dei conta que eu pensava mais nos problemas do  que no próprio jardim e na sua solução, resolvi agir. Passei a retirar todo lixo deixado na grama, com minhas próprias mãos. 

No primeiro dia retirei bastante sujeira - papel, papel de bala, bituca de cigarro, pedaço de calota de pneu, plástico... Enchi meia lixeira de resíduos. 

Senti uma certa vergonha em fazer isto, mas depois pensei que vergonha mesmo, quem tem que sentir, é quem joga o lixo no chão e não quem retira e coloca no lugar certo. Nós produzimos lixo, logo somos lixeiros. Quem recolhe o lixo é reciclador ou agente ambiental. 

Continuei firme neste propósito de retirar os restos dos lixos das pessoas que ali passavam. Um dia percebi que tinha fumaça saindo de dentro de uma das lixeiras. Observei que papéis dentro dela estavam em brasa. Corri até uma construção e pedi água para jogar na lixeira. Os pedreiros me acudiram e apaguei o que poderia virar um pequeno incêndio e quem sabe um enorme problema. Afinal a lixeira estava em um poste e podia pegar fogo nos fios. Indaguei ao rapaz que me ajudou, como podia alguém fazer isto e constatamos, os dois, uma frase que havia na lixeira: "Apague o cigarro." Falamos juntos: "e reclamam dos políticos...". 

Se pudesse complementaria a frase da lixeira: "Apague o cigarro da sua vida e do planeta!" De todos os lixinhos que pego, a maior parte é bituca de cigarro. Um mal desnecessário -  faz mal a saúde de quem fuma e de quem não fuma, polui e ainda causa incêndio.

O jardim continua no meio do meu caminho, mas o lixo não mais, pelo menos, não tanto quanto antes. Hoje o jardim está mais limpo. Não sei se as pessoas que frequentam o local me viram limpando, ou, vendo o jardim limpo, pensaram antes de jogar seu lixo em qualquer lugar e usaram as lixeiras. Fato é que, quase não preciso mais limpar o meu jardim.

Esta mesma experiencia eu tive no parque que caminho. Comecei a recolher todo o lixo que achava enquanto caminhava e colocava nas lixeirinhas do parque. Hoje o parque esta mais limpo, não só porque tem mais pessoas limpando, mas porque acredito que ações funcionem mais que reclamações. Acredito que o sentimento na ação reverbera e alcança as pessoas, conscientizando-as. 

Então, pare de reclamar e parta para ação. Experimente fazer algo em seu entorno. Cuide do jardim da sua praça, do seu parque. Não jogar lixo na rua é o mínimo - se encontrar um lixo no chão, não tenha vergonha de colocá-lo na lixeira. Faça isto e contamine as pessoas à sua volta. 

A cidade não é dos governantes, a cidade é nossa! Faça sua parte e não se sinta menor em fazer a parte do outro. A recompensa será tão sua quanto para a sua cidade e para a natureza. 

Gosto muito desta minha frase: Ainda há tempo de mudar e ver sua mudança acontecer!

Ainda há tempo!!! No meio do meu caminho, agora, tem um limpo jardim.

Texto Mara Débora







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