Sorrir é uma arma poderosa. Um sorriso encanta, desbanca
qualquer oponente. E nem pense em falsear um sorriso, porque não são somente os
lábios que sorriem. Não! Os olhos brilham quando sorrimos, o ar entra mais
facilmente por nossos narinas, nossos pulmões trabalham mais impulsionando
nosso peito para cima, nosso coração pulsa mais rápido para que o sangue
entregue o oxigênio para as células e todas elas sorriem de volta. E neste
momento, todo o nosso corpo está sorrindo, porque nossa pele está mais
sensível, nosso ouvido amplificado e nosso olhar menos seletivo.
Sorrir nos faz olhar diferente, sem dúvidas, sem
questionamentos. Olhamos com alma aberta, a íris colorida, com a pupila
dilatada e molhada de alegres lágrimas. Olhamos com o olhar dos tolos e a
pureza das crianças. Os olhos quando sorriem não procuram defeitos, procuram a
beleza de um ângulo ainda não visto, de um ponto de vista ainda não discutido.
Ao sorrir nossas
palavras saem todas embaladas ao som mais puro que nossas pregas vocais podem
produzir, vibrando em sintonia com o sorriso. Falar sorrindo muda tudo. Muda a
nós mesmo e muda o outro. O outro, em sintonia com seu sorriso, sorri de volta
e entoa as palavras na mesma vibração ouvida.
O sorrir aciona o tato. Quando sorrimos em excesso, rimos com
as mãos, dando tapinhas para que a energia passe a cada contato, a cada toque.
Mas nem sempre é suficiente, então precisamos nos apoiar, abraçar o outro para
que o rir, que, a este ponto já virou gargalhar, seja sentido por todo o corpo
do outro. Entram em consonância, vibram juntos, sacodem juntos, se dobram,
juntos, de tanto rir.
E rir é o melhor remédio! Um remédio que cura de dentro para
fora. Possui um estágio que o contagia, mas a contaminação é benéfica. Seus
efeitos colaterais são desejados. Dá até ruga, mas estas, são bem vindas.
Rir não tem nacionalidade. Pode-se ri baixinho, bem alto,
pode ser um riso mudo, gritado, rouco, esganiçado. Pode dar uma risada
escancarada, um riso tímido, engraçado ou até mesmo sem graça. Aqui ou não
Japão, será entendido, em qualquer língua.
Mas a arte de sorrir não para todos. Sorrir tem seu encanto
e o seu tempo. Se sorrir de mais é bobo, de menos é tosco. Se sorrir a toa,
perde a boa, mas se a toa não sorrir é porque os dentes já se foram. Um meio
sorriso é desconfiar um tanto. E um sorriso de canto, não se engane, é de
espanto. Tem choro que encontra o riso, daí é uma felicidade só! Mas quando o
riso encontro o choro, ah é de dar dó!
Mas se até agora você não sorriu, não se preocupe não! Iniciei
este texto dizendo que sorri é contagioso. Viu? Você já está sorrindo!
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Obrigada pelo seu comentário no AEnG. Ele será lido e respondido em breve. Mara Débora