quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Nó ou laço?


Estamos sempre nos conectando às pessoas, aos lugares, às coisas. Porém, muitas vezes não distinguimos bem que tipo de conexão fazemos. Algumas nos trazem alegria, suavidade, contentamento. Outras, ao contrário, nos embaraçam. 

Unir pensamentos e sentimentos nos leva a refletir melhor sobre qualquer assunto. Mas, se os misturamos, sentimentos e pensamentos, nos tornamos cúmplices de uma história, na sua maioria, sem um final feliz. 

Muitas vezes nos prendemos ou nos deixamos prender, e esta ligação se torna uma amarra. Amarrados nos tornamos presas. E presos nos tornamos reféns. Reféns dos nossos próprios pensamentos, capazes de julgar até nossos próprios julgamentos. 

E presos, um ao outro, não vamos muito longe. A caminhada se torna difícil e lenta. E, obrigados a manter-nos lado a lado, não discernimos mais sobre quem somos e quem o outro é.

E nesta relação, o maior paradoxo é a distância que nos aproxima e a proximidade que nos afasta. 

Quando estamos distantes, a saudade evoca lágrimas, mas também nos acarinha, revive emoções,  rememora alegres momentos e comemora o reencontro.

Quando estamos próximos, a intimidade mirra a polidez, a constância nos cega, a rotina nos fadiga impedindo novas descoberta, não criando expectativas. 

Podemos estar unido de duas formas, e a escolha é somente sua. Podemos estar atados com um laço ou presos a um nó.

O laço se enlaça, dá voltas, percorre solto por todas as amarras. Possui dois lados que atuam independente, mas que são extremamente dependentes entre si. 

Se um lado do laço se esvair totalmente o outro se desfaz completamente, gentilmente.  Porém, se um lado se agigantar por demais, o outra se desmancha, deixando para trás seu outro lado, solitário e rendido. 

Cada laço tem dois pontos de tensão. Se puxado de um lado, desliza suavemente podendo se igualar lado a lado, porém se avantajar seu tamanho, perderá seu enlace e se penderá solitariamente.  Se puxado pelo outro lado, seu nó se estreita e, não só, o estrangula, como sufoca seu outro lado não o permitindo se ajustar ao seu próprio ser. 

Para o laço se aformosear, mesmo que atados, deslizam sobre seu próprio e uno nó, sem uma única vez pressionar, prensar, atar. Porém, é preciso ajustá-lo sempre, de um lado e do outro, nem muito preso, nem muito frouxo.

O nó é dado para manter seguro e próximo aquilo que mais damos valor. Nos enredamos em volta, nos enlaçamos, nos envolvemos. Mas, muitas vezes, sem perceber, nos enrolamos, enroscamos e nos prendemos.

O nó, tem uma triste particularidade, se entrecruza em si mesmo e por si mesmo se sufoca, se deforma. Mas é seu nó que une duas pontas, mesmo que para isto, use contrárias forças. Quanto mais distende, mais se enclausura. E quanto mais fechado, mais rijo se torna. E quanto mais resistente, mais difícil torna-se seu desenlace. 

E depois de muito esticado e esgarçado, combalido da batalha, se entrega ao seu entrelaçamento: o corte, o rompimento. E depois de rompidos, tornam-se novamente extremidades, dois vértices, dois fins. Entretanto, voltam a ser duas livres pontas, sem amarras, sem ligames, que livremente podem se unir, entrelaçarem novamente num lindo e colorido laço, sem nó ou desembaraço.

Como é a sua relação, um nó ou um laço?

Texto de Mara Débora
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6 comentários:

  1. Que bom que gostou!! As reflexões nos ajudam a pensar no momento em que agimos e não depois. bjs

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  2. Linda metáfora, Mara! Nunca havia pensado em relacionamentos (e/ou laços e nós) sob essa ótica. Muito bem escrito e bastante reflexivo. Parabéns. Já compartilhei. Saudades, queridona. Bjs.

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  3. Eugenia obrigada! Vindo de você que esta bem escrito fico muito feliz e orgulhosa. Saudades também!

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Obrigada pelo seu comentário no AEnG. Ele será lido e respondido em breve. Mara Débora