Estes questionamentos me fizeram refletir sobre por que nos prendemos a padrões? Por que temos que espelhar em alguém ou em algo. Por que temos dificuldade em mirar nosso espelho e absorver nossa própria imagem?
No momento que me vi livre de um hábito, percebi que havia criado uma nova moda: a Moda Abolicionista(já falado aqui) . Um paradoxo, afinal, seria algo a ser seguido - "Para um elo que se abre, há outro que se fecha". E nesta corrente que é a vida, o prazer será sempre o elo que une a ação ao objetivo final. Como em uma corrida, em que, entre o primeiro e o ultimo passo, o que nos motiva é endorfina, o que recompensa é a serotonina e o que seduz é a dopamina.
Não há prazer se não há recompensa. O que nos prende a um hábito é a certeza em que ele nos transforma. A desejada euforia nos leva a refazer, fazer novamente e de novo fazer aquilo que há pouco foi feito.
A este elo viciante nos lançamos e, inconscientemente, como num filme de Almodavar, imploramos: ata-me!
E, assim, por muito tempo seguimos, inicialmente inebriados, por fim cegos, surdos e alienados.
E de repente subjugados a referências, tendências, modelos, contextos, esterótipos, arquétipos, protótipos, paradigmas, paradoxos, esquemas!
Somos presos e nos tornamos presas. Reféns de uma imagem qualquer, que não a nossa, que não verdadeira, porém fundamentada, jurada da mais vil recompensa: a imagem irreal da imagem retocada.
Quantas de nós não compramos uma imagem em forma de roupa, uma silhueta incorporada em um vestido, um status por detrás de uma marca?
E como não falar do padecimento em cima de um salto, do sufocamento de um justo traje, do congelamento de um longo de alça?
São prazeres que aprisionam! E como libertar desta tirania?
Declaro, então, a Moda Abolicionista!
Declaração dos Direitos da Moda Abolicionista
É direito de todos:
- Buscar pelo prazer que liberta.
- Abster-se daquilo que aprisiona, que torna obrigação e não promove
contentamento.
- Criar padrão de beleza próprio e transformar o olhar.
- Encorajar-se para reverenciar ao próprio julgamento e silenciar
opiniões alheias.
- Amar o que é intrínseco e recusar o extrínseco.
- Vestir a essência, contudo, calçar a decência.
- Desfilar somente a sua essência.
Se esta é sua bandeira, levante-a.
Texto Moda Abolicionista - Prazer que aprisiona por Mara Débora.
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