sexta-feira, 15 de junho de 2018

Não é porque pagou barato!

_"Minha calça está caindo...(risos)" falou uma pessoa quando cruzei por ela enquanto corria.
Eu disse: _ Coloca um elástico!
_"Ah não! Paguei baratinho! Tenho outras!"

Hã?! Como assim?! Só porque pagou barato por uma peça você não precisa cuidar dela? Por que comprou então? Por que gastou? 

Não é porque pagamos barato em uma roupa que podemos nos desfazer dela assim tão facilmente.

Qualquer produto que consumismo teve um custo para ser feito. Teve um custo para chegar até as lojas e teve um custo também para ser adquirido. Quando deixamos de usar este item, doamos ou jogamos fora, um novo custo é gerado. Não só apenas isto, gera-se um grande problema: os aterros sanitários não comportam a nossa demanda de descarte. 

Sim, muitas doações, muitos produtos, muitas coisas vão para os aterros sanitários. E este problema não é só dos governantes, é um problema nosso.

Fabricamos lixo o tempo todo. Se compramos algo, produzimos resíduo; se cozinhamos, produzimos sobras; se construímos, produzimos entulho. Somos nós os verdadeiros lixeiros. 

Então pare de achar que, só porque pagou barato, isto não custou caro. Custou caro sim! Tudo tem um custo! Custou para quem planejou, para quem fez, para quem transportou, para quem vendeu e para você que comprou.

Temos que mudar este pensamento de que ao comprar produtos baratos, estamos economizando. Na verdade estamos empobrecendo. Empobrecendo nossa economia, exaurindo o nosso planeta, enfraquecendo nosso meio ambiente.

Mas, mais do que isto, estamos minando o sentido da nossa existência. Jogamos fora tudo aquilo que não nos encanta mais e somos seduzidos por uma nova aquisição, nos alicerçando neste inexorável viver: se meu namoro não me encanta mais, troco! Se meu casamento está insustentável, divorcio! Se meus filhos não se comunicam comigo, me conecto com o mundo virtual. Nada mais me abala, faço, apenas, uma nova aquisição. Esqueço propósitos, subverto desejos, inverto valores.

Porque me conscientizar, pensar, argumentar? Tão mais fácil embrulhar, cobrir, não revelar. Hoje não! Amanhã, quem sabe, tento salvar o que restou do mundo. 

Foi-se o tempo em que comprávamos porque precisávamos, comíamos por prazer e conversávamos para aprender.  Hoje compramos para aparecer, comemos sem perceber, ouvimos sem escutar, sobrevivemos apenas! Assim passamos as horas dos nossos dias... sobrevivendo! 

Somos remanescentes de uma nova ordem de consumo. Chegamos ao fim do poço, ao fim do túnel. É hora de reemergir, de agir, de mudar!

"Chegará o tempo em que ser sustentável não será uma opção e sim a única opção. Não temos uma segunda chance para viver. Não temos um segundo planeta para morar. Percorra o caminho inverso das coisas e escolha como continuar seguindo." (trecho do meu livro Estilo Sustentável).

Valorizar uma compra barata é desvalorizar todos que contribuíram para a produção. Se está pagando barato, alguém está pagando caro, com a vida, suor e por que não, com sangue! Não! Não aceite este consumo! Temos que exigir produtos com preços justos, dignos e de valor.

Luto por um consumo consciente. Luto por poder comprar e valorizar os produtos de qualidade, com designer e com tecnologia.  

E desta forma, ter uma peça desejada, valorizada, faz com que você não se desfaça tão rapidamente. Se uma calça que você pagou R$200, R$300 estiver larga, descosturando, você levará em uma costureira ou arrumará. Você não pensará em dispensá-la tão rapidamente. E você e o planeta terão grandes ganhos: 

- A peça ficará por mais tempo no seu armário.
- Não pensará em comprar outra tão facilmente, e
- A peça não irá para o lixo.

Veja o ciclo de uma peça de roupa e sua compra, quando por impulso ou consciente:

Pensar em todo processo produtivo de uma peça no faz valorizar todo o ciclo do consumo. 

Não compre algo porque está barato, compre porque valorizou aquele produto, investiu em quem fez e porque fomentou a economia verdadeira.

Descubra o essencial e seja feliz!
Texto de Mara Débora



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