Ah maturidade! Porque não chegastes antes da nossa galopante idade. Seu eu tivesse as certezas da maturidade e as pernas da jovialidade atravessaria o mundo sem menor questionamento. Seu tivesse o equilíbrio dos pensamentos de hoje e a rapidez do raciocínio de ontem questionaria o mundo com todos argumentos.
Ah maturidade! Porque não sussurrastes em nossos ouvidos: ouças mais, ouças todos, fale menos ou fostes imperativas - quieta-te, não fales! Porque deixastes a juventude tomar as rédeas da vida que um dia seria tua?
Ah maturidade! Porque não trouxestes junto a jovialidade da pele, o frescor do sorriso, o brilho do olhar?
Ah maturidade! Porque chegastes tão tarde?
Questionei a jovialidade. Não houve resposta. De certo, me abandonou.
Encarei a maturidade. Encarei-a com toda minha alma. Abri meus olhos, meus ouvidos, cerrei minha boca, calei meus pensamentos, inibi meus sentimentos. Ergueram-se os instintos. Os mesmos que caminharam comigo por toda minha jornada. Em cada momento de angustia, em cada dúvida dividida, em cada sentimento dilacerado. Era ela, a maturidade transvestida de instinto. Ela norteou minha juventude, meu amadurecimento, meu ser.
Não houve um passo que eu desse, que ela não estivesse presente. Formando meus pensamentos, criando meus argumentos. De certo, ouvi alguns, outros, dilui. No mar da juventude, me ancorou, me aportou.
Velejo agora em um mar de novas incertezas. Abro as velas, aproo o rumo, me entrego ao vento. Meu norte, meu destino, a maturidade é meu leme.
Texto Mara Débora
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